A difícil relação entre inovação e o terceiro setor

Arte realista com uma lâmpada na horizontal. Ela está com o vidro rachado e saindo fumaça

Por Guilherme Lubianchi *

Durante meus anos de faculdade, meus professores faziam questão de me lembrar, constantemente, que um bom publicitário é aquele que busca melhorar seu repertório. No começo, não entendia muito bem o que eu precisava procurar. Com o passar do tempo, descobri que a resposta é “tudo”. Do que está acontecendo em Cannes até a lei do Alabama,que proíbe guardar sorvetes de casquinha no bolso de trás (é real, dá um Google).

Para quem trabalha com grandes marcas, a internet é um sonho de consumo. Todo dia é uma informação nova, seja sobre o comportamento dos consumidores, novas formas de comunicação ou como a tecnologia vai dominar o mundo. São pesquisas, análises e estudos que não têm fim.

Entrei na Espiral há cerca de um ano e, pela primeira vez, tive que trabalhar com informações relacionadas ao terceiro setor e às pessoas com deficiência. Aprendi logo de cara que tudo nessa área é mais complicado.

Algumas semanas atrás, precisei entender um pouco mais sobre as atitudes de pessoas com deficiência em relação a doações financeiras para ONGs e movimentos. Será que elas são mais propensas a doarem e simpatizarem com as causas? Quais são os meios que elas utilizam para isso? Você pode até encontrar essas informações, mas gastará uns bons dias procurando. O motivo é simples: ninguém nunca parou para pensar nessas pessoas como potenciais doadoras. Imagine então quando falamos de consumo.

Eu, constantemente, vejo agências, consultorias e portais unindo forças para prever o futuro e mapear, antecipadamente, tendências e necessidades do mercado. Mas, infelizmente, vejo poucos esforços voltados à inovação da comunicação no terceiro setor.

Não estou dizendo que isso seja uma verdade absoluta, já que existem excelentes trabalhos de agências voltadas a esse meio. Mas, mesmo assim, a importância de assuntos como educação, cidadania e desenvolvimento social nunca será a mesma do que lucros e reputação de uma marca.

Que tal começarmos a explorar o verdadeiro potencial desses temas? Se você precisar de inspiração, te convido a dar uma olhada em alguns vencedores do “Shorty Social GoodsAwards” e ver como o terceiro setor também pode ser um lugar de inovação.

*Guilherme Lubianchi é analista de planejamento da Espiral Interativa.