Como nós, da Espiral, curtimos bastante iniciativas que estimulam a galera a pensar e a transformar, neste sábado (02/02), acompanhamos o debate “Jovens Transformadores: mudando o mundo através da tecnologia”, na Campus Party Brasil 2013. O foco do bate-papo foi nos jovens empreendedores sociais que usam a inovação tecnológica para mobilizar suas comunidades e potencializar o engajamento delas com as novas ferramentas.
Tony Marlon, Thiago Messias, Janaína Lima e Eduardo Lyra desenvolveram trabalhos sociais inovadores e foram lá para dividir a experiência com a plateia do evento. Antes mesmo de começar o debate, eles desceram do palco e formaram uma roda de conversa com quem estava lá. Em seguida, falaram sobre as suas histórias de vida e os trabalhos realizados, que inspiraram o debate.
Entre as tendências apontadas durante a conversa, estava a identificação de um possível 4º setor (seriam os Indivíduos Não-Governamentais – INGs), formado por pessoas conectadas com problemas, mas independentes de qualquer estrutura. Outro destaque foi a de que há muitos jovens que buscam, sim, a transformação e o impacto na sociedade, começando a fazer isso em suas próprias comunidades.
O resultado disso tudo foi pura inspiração. Abaixo, conheça um pouco mais sobre os jovens, a transformação e o impacto deles nas comunidades, e trechos da participação de cada um no bate-papo:
Tony Marlon
Jornalista e empreendedor social de Campo Limpo, zona leste de São Paulo, Tony resolveu pesquisar como as tecnologias de informação e comunicação poderiam impactar a vida das pessoas. Como um dos resultados da sua busca, ele criou o Instituto Escola de Notícias, que inicia jovens e adultos na arte de comunicar. “O projeto nasceu do sonho de contribuir para uma educação fortalecedora de propósitos, não criadora de profissões”, disse. “Eu quero impactar pessoas, e não mudar o mundo”, afirmou.
Sobre a ideia de que muitos falam, de mudar o mundo, pensando no maior impacto possível, Tony destacou que, se queremos realmente fazer isso, é importante começar com as pequenas revoluções. “Você pode mudar o mundo começando com os pequenos gestos”, disse.
Thiago Messias
Thiago Messias, 18 anos, é um jovem universitário, morador do Parque Regina, periferia da Zona Sul de São Paulo. Sempre buscou formação além da oferecida pela escola regular e foi fascinado por tecnologias. A ideia dele era utilizar essas ferramentas para fazer um aplicativo que tivesse significado para a comunidade. Thiago resolveu fazer um app para celular e tablet para as pessoas saberem onde descartar os resíduos sólidos.
“Não fiz só pensando no lixo. Fiz porque, ao informar as pessoas, eu também estava trabalhando no sentido da consciência”, afirmou. Atualmente, Thiago oferece oficinas de aplicativos em um ponto de cultura chamado Casa do Zezinho.
Sobre a situação atual da educação pública no Brasil, o jovem disse: “Quando você quer aprender, você aprende. Estudei em escola pública e vejo que a mudança já está acontecendo. A educação não está tão ruim como muitos falam”, afirmou.
Eduardo Lyra
Jovem jornalista, autor do livro Jovens Falcões, Eduardo descobriu que pode ajudar a mudar o mundo escrevendo histórias inspiradoras. O seu livro conta 14 histórias reais de jovens que comprovam o potencial criativo da juventude brasileira.
Morador de Jardim Cumbica, em São Paulo, Eduardo vendeu tênis, camiseta e notebook para viajar pelo Brasil e encontrar pessoas com histórias de vida de quem “não tinha nada e conseguiu furar o bloqueio”. O seu livro Jovens Falcões tem prefácio de Marcelo Tas e quarta capa de Nizan Guanaes. Durante a divulgação, um vídeo com Eduardo ficou mais de uma semana entre os mais vistos do YouTube, alcançando mais de 1 milhão de visualizações.
Segundo Eduardo, muitos jovens de hoje estão com um pensamento diferente de antes (de juntar um milhão antes dos 30 anos). “O jovem quer é impactar 1 milhão de pessoas antes dos 30 anos”, disse.
Janaína Lima
Moradora de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, Janaína Lima contou as dificuldades que teve para se formar como advogada. Durante sua trajetória, buscou tempo para se dedicar a um projeto de alfabetização na comunidade em que morava. Ela descobriu que pelo menos uma pessoa em cada um dos 21 mil domicílios de Paraisópolis era analfabeta. Seu objetivo era fazer alguma coisa para mudar esse quadro.
Com apenas caneta, cartolina e salas improvisadas, seu projeto cresceu, ficou conhecido e virou instituto, a Escola do Povo. Assim, foi convidada para assumir a Coordenação para Programas da Juventude, da Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude do Governo do Estado de São Paulo. “Minha busca é por uma sociedade mais justa”, disse.
Durante o bate-papo, quando perguntada sobre seu trabalho, Janaína disse: “É muito mais que escolha. É uma missão. A corrente do bem está crescendo. As barreiras estão acabando. Basta as pessoas apostarem mais no próximo”.